quinta-feira, fevereiro 26, 2004

S/ título

Querida Deusa, escrevo-te...
E ainda que te prepare para os outros te conhecerem à medida que lêm.
Amo-te profundamente, dentro do próprio Amor com que o Universo me seduz neste momento.
E ainda que longe de conhecer a tonalidade intensa do teu amor, sucumbo ao que agora sinto.

Querida Deusa de Bruma Azul Ardente,
Mãe Luminosa de Graça, Sensualidade e Luz
Sucumbo feliz em ti.

S/ título

Mas que feliz que eu estou.
Como que a horas seduzido pelo poder embriagante de um vinho mágico cor de rubi,
Alquimizado pelo próprio fundo infinito de constelações do meu Cálice.
Junto da minha Alma, em simples silêncio azul profundo.
Saboreio a Comunhão poética e agitante.
No útero da Deusa que me prepara para a grande Vida.

domingo, fevereiro 22, 2004

Amizade e solidão II ((a necessidade de ser tocado pelo coração de um irmão))

Amizade e Solidão 2.ª pt., pela Querida M*.

"Nas ruas da cidade, as pessoas são máquinas e os rostos são máscaras.

Eu sou um objecto tridimensional com pernas, braços, ossos, pele, olhos, boca, unhas, cabelos, tudo no lugar – que anonimamente se move pelas malhas do espaço-tempo.

(As máquinas de picar bilhetes conhecem o meu rumo, mas isso tanto me faz…)

Os olhares são vidros espelhados,

Os sorrisos, grades de uma grande muralha,

Os “bons dias” e “boas tardes” soam por cima do que, do íntimo, fica por dizer.

E dentro? Giram mundos, sonhos, estilhaços?

Ou o cinzento metalizado liso e asséptico também já esterilizou a emoção?

Quando cessa o efeito desta anestesia geral sentimental?
Quando desabam as torres de ferro que padronizam toda esta falta de espontaneidade?

Não aguento o ambiente da cidade, preciso de qualquer coisa mais sincera, mais genuinamente afável… prefiro animais, flores, até pedras!...

Tudo é melhor que este branco-buraco, esta pseudo humanidade.

E a menos que me lembres, por amor, do sabor da realidade, toco o limiar da insanidade ao acreditar – por entre as imagens e as conversas-ecrã – que também eu sou este nada."

terça-feira, fevereiro 10, 2004

"Defrosting leaves me quite vulnerable"

Hoje criei algo que me fragilizou, que me descongelou.
Que fez realidade em mim de um sonho congelado.
Escrevi um texto, e doeu como um nascimento exige que doa.
E escrevi no seu coração que ele era da autoria daqueles que procurasem um novo ritmo cardíaco.


Pergunta-me se custou.
- Custou-te J*?
- Bastante meu Caro inquisitor amável.
O exactamente suficiente para me fragilizar durante o dia. Para lançar algumas questões eléctricas na atmosfera interior.
O necessário para tapar o Sol.

Estou aqui sentado.
Numa posição que não decoro, num lugar comum: o meu sofá.
Não sei o que escrevo, mas sinto que devo.
Sei que quero.
Reconheço-me no desejo.

Também estou cansado, meio ensonado.
Sinto tristeza, mas ela é-me sagrada.
Não é vazia, é cheia de significado.
Rima com algum medo, é acompanhada de um grande mistério.
Eu aceito-o.
Afinal é Viver.
Reconheco que estou bem vivo.
Medo, tristeza, mas doce e poderosa.

Não me importo de agora não ter respostas.
Se sossegar conseguirei escutá-las, pois elas estão tão vivas quanto as perguntas.
E ambas vivem em mim.
Sim eu tenho medo, muito em certos momentos.
Mas não tenho medo de ter medo.

Vem medo, veremos do que me falas. Falaremos da fragilidade da tua escuridão e da leveza da minha luz.
Eu te darei a absolvição que te transformará numa espiral ascendente para fora da cegueira, a caminho do céu.
Tu me demonstrarás o mistério dos teus criadores universais.
E me impregnarás de dúvidas que sentirei como serpentes dispertando no trajecto entre a mente e o coração.

Essas serpentes tornar-se-ão dragões solares.
Raios dourados com luz própria recitando poesia iridiscente com o Sol.

Alterando a química da minha relação rítimica comigo próprio.

Abençoada T*!
Tu és aquilo que eu não consigo escrever, mas que consigo viver e acreditar.
Porque acreditar em ti é acreditar em mim deus.
E o meu deus, minha deusa, está na luminiosidade reveladora e curadora da tua simples presença no meu coração.
Querida T*

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Comunicado de ti para ti a cores.

A ti que estás confuso e a ti que estás confusa.
A ti que és um anjo, e que conservas ansioso/a as grandes surpresas que te esperam.
A nós todos que sentimos uma incrível vontade de viver uma vida nova,
camuflada por uma vontade triste de morrer.
A ti, a mim e a eles que vivemos momentos de profunda mudança.
Estas palavras devotam-se em teu serviço.
E propõem em cada sílaba uma forma diferente de te adorar.
Abre a tua casca e permite a tua luz subtrair de ti o peso que te impede a tua leveza original.

Estas palavras são tuas, não são de mais ninguém.
Este ecrã é um espelho do teu grande sentido ansioso por preencher frases,
se assim desejares.
É um comunicado da tua autoria.


O que te confunde, o que te diz?
Diz que estás perdido/a, alerta-te emocionalmente para essa insegurança?
Sim, dirá que não sei onde estou, que não sei para aonde vou.
Que tenho medo, que preciso do conforto e carinho das respostas às minhas dúvidas cortantes.
Que me sinto só, embora não esteja só, embora ainda que algumas vezes seja eu que desejo sentir-me só,
Uma vontade emotiva de despir as máscaras e recolher-me na minha nudez, durante momentos sem tempo, distante do mundo.
Que derrepente dei conta de estar imerso/a num frenético caos pessoal escuro.
Sinto que é importante acabar com esta fase, não sei como.
É grande a saudade por respostas que um dia devo ter conhecido, porque sinto falta delas em mim, como pedaços que caíram com o tempo.
E esta saudade são uma abundância de perguntas e mais perguntas, querendo amar.
Uma força magnética construída para atrair respostas transformadoras.

O que te confunde, o que te diz?
Tanta coisas ela me diz.
São tantas as coisas que pergunto que ainda não entendo, que não seria capaz de escrever se me pedisses.
Que não te seria capaz de explicar se me perguntasses.
Que não quero falar sobre isso, porque me doi, porque me doi visceralmente.
São tantas vozes porvezes, falando ao mesmo tempo. Às vezes parece que tenho o mundo dentro da cabeça.
Uma central de comunicações, uma linha telefónica dedicada a perguntas dilacerantes.
Sinto que preciso discansar, de parar, de tempo para mim.

Porvezes, são alguns momentos mágicos que suspeitas intimamente,
como dar de caras com uma certeza muito bem escondida dentro de ti,
que tens uma tarefa importante a cumprir na tua vida.
Que tens uma história a escrever, que só tu podes preencher.
Algo que te distingue de todo o resto do mundo, que te dá o sentido de Ti.
Nesse momento mágico são soltos na brisa encaminhando-se num trajecto futuro até ti
os perfumes de uma primavera ao longe.
Nesse extâse relembro o meu ânimo, a minha anima, a minha alma.

Mas não sei, porvezes custa tanto acreditar nisso.
Prefiro esconder muitas vezes,
esquecer-me daquele pouco muito pouco que sinto, mas que se distingue de tudo o resto que conheco.
Apercebo-me que é preciso uma força que duvido que tenha para não sucumbir após acreditar em mim.
Porque nos é difícil acreditar quando mais ninguém tem de.

Mas sim.
Sim sinto, ainda que só por momentos em que os segundos não contam.
Ainda que porvezes seja o Sol ou a Lua e as estrelas que me emocionem do que eu sou.
Ainda que seja alguém, sim..., ainda que seja só ele/ela que me faça aperceber disso.
Sim, ainda que só consiga quando me sinto com aquela força misteriosa que me enxagua de todas as preocupações
e me faz sentir poderoso/a.
Sim, Eu sou.

São tantas as perguntas que não têm resposta, são tantas que não percebo o que pergunto,
são tantas que não sou capaz de escrever, são tantas que me fazem sentir perdida/o.
As perguntas perdem-me, elas soltam a confusão mais do que necessária para eu precisar das respostas, como oxigénio.
Mas eu sei que nunca poderia esperar por elas, nos segundos silenciosos que se seguem no fim de uma dúvida existencial.

Porvezes, só porvezes alguém ou algo te demonstra que as respostas que encontram estão para além dos limites inquisitivos
das perguntas que lançam.
Que é preciso viver as perguntas, para a própria transformar-te na resposta.
Que é fácil esquecer as facilidades por não significarem nada do que precisas.
Que ninguém pode fazer o que tu tens de te tornar.

O mesmo anjo que tu és, diz-te.
Vive a tua confusão, tu tens a coragem que precisas.
Honra o convite da tua própria alma em devolver-te ao teu resplendor.
Celebra o teu medo e ansiedade, porque são sinais de que estás em metamorfose.
Permite-me promover o teu ser intelectual junto da leveza do ar, baptizá-lo e convertê-lo em teu devoto oxigenante.
Só unido ao teu coração ele viverá contigo as transformações que já estão a acontecer.
E te dará consciência da força e brilho que tu tens por direito.
Porque tu és aquilo que não se é capaz de escrever, mas que se sente no que se consegue.
Tu és, maravilhosa/o.
God child of the earth

terça-feira, fevereiro 03, 2004

E é tão bom ler, neste jeito de saborear a presença da Alma do poeta vibrando em nós.

"
Que luz
acendem teus olhos
no profundo e silencioso mar
dos meus olhos

que serenidade vens entregar
à mansidão das minhas águas
que ninguém ousou tocar ou contemplar

que suavidade
brilho ou lua
me pousa na alma

com tanto amor
"
António Cardoso Pinto
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Enternece-me profundamente...