Amizade e solidão II ((a necessidade de ser tocado pelo coração de um irmão))
Amizade e Solidão 2.ª pt., pela Querida M*.
"Nas ruas da cidade, as pessoas são máquinas e os rostos são máscaras.
Eu sou um objecto tridimensional com pernas, braços, ossos, pele, olhos, boca, unhas, cabelos, tudo no lugar – que anonimamente se move pelas malhas do espaço-tempo.
(As máquinas de picar bilhetes conhecem o meu rumo, mas isso tanto me faz…)
Os olhares são vidros espelhados,
Os sorrisos, grades de uma grande muralha,
Os “bons dias” e “boas tardes” soam por cima do que, do íntimo, fica por dizer.
E dentro? Giram mundos, sonhos, estilhaços?
Ou o cinzento metalizado liso e asséptico também já esterilizou a emoção?
Quando cessa o efeito desta anestesia geral sentimental?
Quando desabam as torres de ferro que padronizam toda esta falta de espontaneidade?
Não aguento o ambiente da cidade, preciso de qualquer coisa mais sincera, mais genuinamente afável… prefiro animais, flores, até pedras!...
Tudo é melhor que este branco-buraco, esta pseudo humanidade.
E a menos que me lembres, por amor, do sabor da realidade, toco o limiar da insanidade ao acreditar – por entre as imagens e as conversas-ecrã – que também eu sou este nada."
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